Wednesday, December 22, 2010

A questão da "Neutralidade da Rede"

Antes de mais nada, vamos definir o conceito de "neutralidade da rede": os provedores de acesso à internet (as operadoras de celular e as de telefonia fixa) não poderiam bloquear ou privilegiar determinados tipos de tráfego. Por exemplo: o Speedy não poderia bloquear o uso do Skype por ele diminuir a receita da Telefônica com chamadas de voz; a Oi não poderia bloquear o eMule porque entende que ele sobrecarrega o tráfego no Velox; a Claro não poderia dar prioridade ao tráfego do Twitter se tivesse fechado um acordo comercial com eles; e assim por diante.

Se por um lado nenhum dos exemplos hipotéticos acima esteja efetivamente sendo executado atualmente, por outro não há nenhuma restrição legal para que as teles o façam. E note que se vc quiser subir um servidor de email ou web na conexão aDSL da sua casa, vai perceber que estes serviços são bloqueados.

Enquanto as redes das operadoras estavam "sobrando" ou "folgadas", o tema era incipiente. Mas a explosão de serviços como Youtube e Skype, que consomem muitos recursos da rede (banda), fez surgir uma realidade econômica interessante: empresas como Google e Apple tem atingido lucros astronômicos, utilizando a infraestrutura das teles - e sem lhes pagar 1 centavo por isso. As gigantes de telecomunicações, claro, usaram o seu enorme poder econômico para fazer lobby junto aos governos para forçar uma virada na mesa.

Espremido entre os gigantes do Vale do Silício e as poderosas donas da infraestrutura, está o pobre usuário - quem, afinal, financiou e vai continuar financiando os 2 lados desta disputa.

Uma Solução Unilateral

Pois bem, o FCC, orgão de regulação das telecomunicações dos Estados Unidos, acaba de manifestar-se sobre o tema da neutralidade da rede, tomando uma decisão que claramente beneficia as teles no médio prazo: as redes fixas devem obedecer à neutralidade, enquanto que as redes móveis não. Está muito claro que o futuro da internet (senão o presente) é móvel.

Na prática, o usuário americano de internet móvel vai ter à sua disposição uma internet "capada" ou "parcial", pois a regulação como foi definida pelo FCC dá poderes às teles de liberar apenas serviços com os quais mantenham acordo comercial. Eventualmente o usuário até terá uma internet "inteira" ou "neutra" - mas vai pagar bem mais por isso.

Uma Solução Social

A pergunta que não quer calar: ao invés de sacrificar o usuário, porquê não forçar as empresas do Vale do Silício à pagar uma fração de seus lucros às donas da infraestrutura?

As circunstâncias levam a crer que o lobby das empresas do Vale do Silício é tão forte quanto o das empresas de Telecomunicações nos EUA. Existe ainda a crença de que, ao forçar o usuário final à pagar pelo necessário upgrade na infraestrutura, o potencial de geração de receita futura é consideravelmente maior.

1 comment:

  1. As novas regras entram em vigor nos EUA no dia 20/Nov/2011, vide:
    http://blogs.estadao.com.br/link/neutralidade-passa-a-valer-em-20-de-novembro/

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